A Escola Austríaca de Economia: Antecedentes

          A Escola Austríaca de Economia possuiu uma evolução, assim como qualquer pensamento ou ideia ela passou por uma maturação, mas sua abordagem começou a partir do desenvolvimento dos ideais de Carl Menger.

          O melhor exemplo para explicar isso é o de Newton, em que não foi o físico e teórico Isaac Newton que teve uma maça que caiu em sua cabeça e a partir disso criou sua teoria, a partir desse acontecimento ele estuda e cria sua teoria com base em um monte de estudos anteriores, com um apoio didático, como qualquer ideia ou pensamento, a Escola Austríaca de Economia não foi diferente, ela não surgiu através do ideal de Carl Menger, mas de uma bagagem intelectual de diversas obras criadas anteriormente que levaram Menger a ter seus fundamentos.

 

Quais são as origens da Escola Austríaca (precedentes)?

 

          Adam Smith: quando falamos em economia, ou quem é o pai da economia, nos remetemos a Adam Smith (1723-1790) inegavelmente possui uma imensa importância por sua obra com maior reconhecimento intelectual, A Riqueza das Nações, escrito em 1776, mas é possível dizer que muito de suas ideias dentro desse livro não se apresentavam com ideais liberais, pois muito do seu material foi utilizado no desenvolvimento do socialismo moderno, principalmente do marxismo. A Teoria do Valor-Trabalho é um exemplo:

  • Teoria do Valor-trabalho: o valor de um bem depende do trabalho dado à sua produção. O que acrescenta valor a um bem é a quantidade de trabalho destinado a ele, certamente é uma teoria que não possui o menor sentido e o melhor exemplo que eu posso dar são loteamentos, imagine que em sua cidade existe um local específico com um monte de lotes a venda, certamente limpar aquele lote, utilizar os químicos específicos para exterminar as ervas daninhas e manter o solo bem preservado através do trabalho duro vão trazer uma valorização ao terreno, mas é inegável que se eu tiver a disposição para cavar um buraco de 5 metros de profundidade no meio desse lote  e jogar a terra nos locais planificados e desnivelar o terreno eu terrei um trabalho inegavelmente maior, e esse trabalho de maneira alguma valorizara o terreno, pois poucos possuem o interesse de adquirir um terreno dessa maneira;

 

          David Ricardo (1772-1823):  defendia que o produto da terra é dividido entre três classes: o proprietário (que recebe a renda da terra), o dono do capital (que recebe o lucro) e os trabalhadores (que recebem os salários) - sendo o principal problema da Economia Política determinar as leis que regem a distribuição do seu produto. Obteve grandes avanços com suas teorias:

  • Todos os custos se reduzem a custos de trabalho; 
  • Teoria da Vantagem Comparativa: David Ricardo defendia a ideia de que uma nação deveria se especializar na produção de um determinado bem com a qual a nação tivesse o custo de oportunidade de produção relativamente menor em relação aos outros, mesmo sem uma vantagem na produção a fim de que os países se beneficiem no comércio internacional através dessas especializações de baixo custo; 
  • Teoria das Rendas: em específico a Teoria Das Rendas Das Terras que defende a ideia de que os produtores com terras férteis mais próximas do comércio local terão custos logísticos mais baixos, e logicamente um lucro alto pela capacidade de produção e baixos custos. Caso a demanda por produtos de origem agrária aumente, será exigido a ocupação de terras mais distantes e cada vez menos férteis, mas como elas ainda se tornam necessárias para atender a alta demanda do mercado, os preços deste produto se baseiam nos preços destas terras distantes, trazendo maiores lucros e retornos àqueles que produzem próximos ao comércio;  
  • Acumulação de capital e aumentos populacionais provocam elevação da renda da terra; 
  • Lei dos Retornos Marginais Decrescentes: outra descoberta reconhecida de David Ricardo foi a Lei dos Retornos Marginais Decrescentes, a qual explica o porquê uma indústria ou fabrica, assim como qualquer outro meio de produção, ao tentar atuar acima de seus níveis de operação mais eficientes tendem a decair nos resultados, como uma indústria que atua a nível excelente dentro do mercado que visa contratar mais funcionários e acaba decaindo com seu desempenho, ou seja, adicionar trabalhadores desnecessários irá fazer com que seu nível de desempenho caia;
 

          Thomas Malthus (1766-1834) possuía uma discussão com David Ricardo: Malthus argumentava que as populações inevitavelmente iriam se expandir até ultrapassar a capacidade de suprimentos para a população e que este crescimento populacional iria ser revertido, sendo por doenças como fome, guerra ou calamidade. Por mais que suas ideias tenham sido refutadas pelo desenvolvimento tecnológico, não foi isso que o derrubou, por ter sido um processo tardio, mas seus ideais extremos.  

  • A população cresce em PG e a disponibilidade de alimento em PA;
  • Ideia de que guerras são bem-vindas pelo aumento demográfico exacerbado;

 

Karl Marx (1818-1893): surge em meio ao desenvolvimento dessas ideias de David Ricardo, que eram ideias do Adam Smith melhoradas. Usufruindo das ideias e desenvolvendo-as ao seu modo, seu trabalho resulta no marxismo: 

  • O Capital (1867);
  • Valor-Trabalho (Adam Smith);
  • Mais-valia (valor excedente que o trabalhador gera, mas que não é pago a ele. O capitalista apropria-se desse valor como lucro);
  • Renda fundiária tipo I e tipo II, que foi uma ideia extraída da teoria das rendas de David Ricardo;

 

Richard Cantillon (1680-1734) - “Essai sur la nature du commerce en genéral” (1755): Efeito Cantillon: “Aumento da impressão do papel moeda não aumenta geração de riquezas, mas elevação dos preços. Em um cenário econômico onde o papel-moeda está sendo impresso e gerando inflação ocasionando no aumento de preços, se beneficiará aquele que adquirir o dinheiro recém-fabricado primeiro”

 

Anne Robert Jacques Turgot (1721-1781): Valor Subjetivo: Tendemos a valorizar aquilo que nos traz a maior necessidade.

 

          E então surge o pensamento que torna a teoria do valor-trabalho obsoleta, a Revolução Marginalista.

          Carl Menger surge em meio a discussão da crise da produção, principalmente da questão da área dos diamantes, questionando o porquê de alguns bens essenciais para a vida possuírem custos mais acessíveis, como a água, quando postos em comparação a bens supérfluos, como o diamante, que se apresenta como um item de alto valor. Onde Adam Smith defende que esse resultado derivaria da teoria do valor-trabalho, pensamento estudado ao longo dos cem últimos anos pelos economistas citados anteriormente.

 

          Revolução Marginalista (1870)

 

          Três importantes economistas criaram obras que desenvolveram a teoria da utilidade marginal usando metodologias diferentes, Carl Menger da Escola de Viena, publicando o seu livro “Princípios da Economia Política” em 1871, William S. Jevons da Escola de Cambridge, publicando a Teoria da Economia Política em 1871 e Leon Walras da Escola de Lausanne com a teoria Éléments d'économie politique pure ou Théorie de la richesse sociale em 1874.

Por meio do pensamento dos três economistas, foi possível a formação de diversas escolas de economia, da Escola de Viena se originou a Escola Austríaca de Economia, com economistas importantes como Bohm-Bawerk, Ludwig Von Mises, Hayek, Kirzmen, Barbieri. Da Escola de Cambridge a Escola de Chicago, com economistas como Friedmann, Stigler, R. Lucas, Becker, a Public Finance, com economistas como Samuel, Hicks, Murgrave, Stilglity. Da Escola de Lausanne a Public Choice, com economistas como Tullock, Downs, Olson, Buchman, a Teoria Dos Custos De Transações, com economistas como Coase, Williamson.

 

          O que seria a Revolução Marginalista?

 

É partir do pressuposto de que o valor de um bem é calculado a partir de sua utilidade marginal, da utilidade integrada ou agregada a um certo bem, sendo que os três grandes economistas citados anteriormente consideravam a teoria do valor-trabalho ultrapassado mesmo que esta conclusão tenha sido obtida de diferentes maneiras por ambos.

 

Princípios da Escola Austríaca de Economia

 

A Escola Austríaca de Economia é baseada em determinados princípios como:

      Utilidade Marginal;

      Subjetivismo das ações humanas;

      Submissão às necessidades humanas;

      Livre-comércio.