Atualmente os conceitos da Escola Austríaca de Economia e do liberalismo são facilmente associados e confundidos por muitos, isso se deve a um dos maiores economistas de todos os tempos, Ludwig Von Misses, sendo considerado alguém com ideais radicais para a sua época e trazendo conteúdos e criações revolucionadores à economia, atuando de forma opositora a intervenção do Estado na economia, contrariando muitas ideias em uma época em que o comunismo e o socialismo dominavam o mundo.
Sua atuação como acadêmico da escola de Nova York durante
20 anos, teve como foco contrapor as ideias Keysianistas de Intervenção Estatal
em plena economia. Seu livro “As 6 Lições” traz as defesas fundamentais para
uma economia verdadeiramente livre.
Ludwig Von Misses nasceu em 29 de setembro de 1881 como
membro de uma rica família judaica em Lyiv, sendo que, aos 12 anos eram era
fluente em russo, alemão, francês e polonês, além de compreender o Ucraniano e
o Latim. Em 1900 ingressa na universidade de Viena onde acaba por conhecer a
ciência da economia, assim como Carl Menger, considerado o pai da Escola
Austríaca de Economia.
Infelizmente, Mises teve de passar a Primeira Guerra
Mundial como combatente, atingindo o cargo de tenente, e após levar um tiro em
sua perna, é liberado do campo de batalha, mas obrigado a atuar como intendente
no campo econômico do então derrotado Império Austro-Húngaro. Após o fim dessa
guerra, o então tenente posta uma de suas mais famosas obras, “Nação, Estado e
Economia: contribuições para a política e a história de nosso tempo”, trazendo
a tona os perigos que um revanchismo traria como consequência à Áustria e a
Alemanha, onde o ódio percorria por ambas as nações, mas Mises foi capaz de
identificar esse pequeno empecilho entre ambas as sociedades, trazendo uma
citação de sua obra marcante: “seria o mais terrível infortúnio para a Alemanha
e para toda a humanidade se a ideia de vingança dominasse a política alemã do
futuro [...] Não deve ser o objetivo de nossa política arrastar nossos inimigos
para nossa destruição conosco”.
Para Misses o caminho para os alemães pós-guerra era claro:
“devemos tentar não ser destruídos e tentar sair novamente da servidão e da
miséria. Isso, no entanto, não podemos alcançar nem por ações bélicas, nem por
vingança e política de desespero. Para nós e para a humanidade só há uma
salvação: retornar ao liberalismo racionalista das ideias de 1789”.
Mises não tem suas ideias e pensamentos levados com a
seriedade que mereciam, o que se tornará com a seriedade que mereciam, o que se
tornará uma triste situação por ter se mostrado atualmente como um grande gênio
da economia. Deixa seu trabalho na Câmara do Comércio e Indústria Austríaca em
1934, ano em que se muda para Genebra na Suíça para atuar como professor
universitário, motivação esta devido pela ascensão do partido nazista na
Alemanha e ameaça a sua descendência judaica.
Em Genebra, Mises conhece sua esposa Margett, com quem se
casa no ano de 1938 e com o qual viveu pelo resto da vida. Durante a década de
30 teve presença em eventos econômicos em alguns países da Europa. Contudo o
contexto da Segunda Guerra Mundial obrigou com que o casal se mudasse aos
Estados Unidos em 1940, país onde os pensamentos e ideais de Mises se
estabeleceriam por completo. Assim, como diversos outros economistas, foi
financiado por uma instituição a fim de realizar pesquisas acadêmicas.
Entre 1945 e 1969, atua como professor visitante na
Universidade de Nova York, se estabelecendo nesta posição até sua aposentadoria
quando Mises atinge seus 87 anos, período em que escreve os mais importantes
capítulos de sua grande obra.
Seu período como professor na Universidade de Nova York foi
extremamente importante para o desenvolvimento dos grandes pensadores da Escola
Austríaca de Economia, como Israel Kirsner, Muray Holberg (considerado fundador
do libertarianismo moderno).
Ao longo de sua carreira acadêmica conseguiu adquirir certo
reconhecimento, tanto pelo trabalho desenvolvido quanto pelas ideias que
possuía, recebendo vários títulos de Doutor Honoris causes entre os anos de
1950 e 1960, tanto na América, quanto na Europa, além de vários outros prêmios
por suas grandes contribuições para o desenvolvimento de um “novo” pensamento
econômico.
Mises faleceu de causas naturais no dia 10 de outubro de
1973, após atingir seus 92 anos de uma longa vida de pesquisas, seu corpo foi
sepultado em Nova York, a cidade que recebe o símbolo do capitalismo e da
liberdade e que acolheu Ludwig Von Mises durante quase 3 décadas.
Mises teve a honra de publicar 47 livros, muitos sendo
considerados obras-primas do pensamento econômico, os pilares da Escola
Austríaca de Economia, a grande maioria de seus livros foi publicado durante o
período universitários, mas a sua primeira grande obra foi publicada em 1912,
“A Teoria Do Dinheiro e Do Crédito”, sendo considerada por muitos a mais
importante obra de Ludwig Von Mesis a tratar da teoria monetária, onde as
estruturas e ideias fundamentais deste livro seriam posteriormente estudados
por Mises em seus estudos sobre ciclos econômicos e a teoria marginal do
dinheiro. Mises dedicou-se durante o período da Segunda Guerra Mundial a
análise do sistema econômico socialista da época, ou os graves problemas e
falhas econômicos que acompanhavam essa ideologia maléfica. Em 1920, tendo
percorrido apenas 3 anos da Revolução Marxista da Rússia, já havia percebido a
inevitabilidade do fracasso desse modelo econômico, ano em que pública seu
famoso ensaio “O Cálculo Econômico Sob o Socialismo”, as críticas de Mises
sobre esse sistema não se resumem ao ensaio. Em 1922, publica o livro “Socialismo: Uma análise econômica e sociológica”, uma
obra considerada por muitos a maior e mais bem estruturada como crítica ao
socialismo já escrita. Mises escrevia livros contra um regime em uma época em
que este predominava no mundo antes de seu colapso e ações desumanas
acometidas.
Em 1927 publica seu livro “Liberalismo”, sendo um
contraponto ao socialismo, expondo seus ideais e motivos do porquê uma
sociedade liberal é moralmente superior a uma nação socialista, criticando
conjuntamente o colonialismo.
Em 1944, com a Segunda Guerra em direção ao fim, publica
sua obra “Burocracia”, livro em que critica a burocratização estatal, que leva
inevitavelmente a menor eficiência econômica, especialmente quando comparado
com a essência da busca pelo lucro. No mesmo, ano seguindo sua linha de
pensamento, publica seu livro “governo onipotente”, mas é em 1949 que publica
seu livro considerado sua obra prima “Ação Humana”, expondo suas ideias da
praxiologia, ou estudo da ação humana, evidenciando como as atitudes individuais,
quando baseadas em escolhas próprias e no conhecimento disperso são
determinantes para os fenômenos econômicos observados de forma geral na
sociedade.
Em 1956, desmotivadoi por não ser acolhido por seus ideais
aos economistas de sua época, publica “A Mentalidade Anticapitalista”. Nessa
obra, busca evidenciar os motivos sociais e psicológicos pelos quais o
capitalismo, resposta pelo exponencial crescimento econômico era tão criticado
por intelectuais e estudiosos, no fundo Mises percebe os grandes ressentimentos
e inveja sendo os maiores motores das ideias socialistas. Sua última grande
obra publica em 1957 leva o nome “teoria e história”, livro em que usa todo seu
conhecimento econômico e critica novamente os pensamentos socialistas,
demonstrando como a ação humana seria fundamental para a formação da história e
do homem em si.
Após
sua morte em 1979, é publicado o livro “As 6 Lições”, considerado o livro porta
de entrada para o pensamento econômico, não somente do autor, mas da Escola
Austríaca de Economia no geral, sendo uma transcrição de palestras feitas a
estudantes argentinos em 1958.

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